Tutsis X Hutus

O genocídio ruandês de 1994, onde foram mortos centenas de milhares de tutsis por mãos de hutus, não foi simplesmente um conflito étnico, onde interesses políticos estavam em jogo, mas sim a consequência de muitos anos de discriminação entre as duas etnias (tutsis e hutus) que dividiam o mesmo território.
Os hutus, que representavam a grande maioria da população de Ruanda (90%), tinham a concepção de que eram eles os reais nativos daquela região, e os tutsis os estrangeiros ou invasores. Porém, as duas etnias viviam em paz, até que os alemães adentraram a África e chegaram a Ruanda. Logo, os europeus na condição de protetores e exploradores daquele território, dividiram a sociedade em dois grupos, entretanto a divisão não foi feita em virtude das duas culturas diferentes, mas sim pelos traços “raciais” que distinguiam as duas etnias.
Nessa divisão os tutsis foram favorecidos por seus traços anatômicos parecidos com os dos europeus, o nariz mais fino e a estatura mais alta foram uns deles. Desse modo, por serem menos negros que os hutus, ou seja, serem mais parecidos fisicamente com os brancos, aos tutsis foi entregue os trabalhos mais intelectualizados, sobrando os braçais para a maioria hutu. Os privilégios que arbitrariamente foram atribuídos aos tutsis fomentaram o ódio entre as duas antigas etnias.
Como já dito no início desse texto, houve em 1994 um terrível massacre em Ruanda, que como resultado deixou aproximadamente oitocentos mil tutsis mortos. O genocídio, fruto do ódio histórico de hutus pelos tutsis ocorreu com o apoio da mídia local, e omissão da internacional. As grandes potências mundiais se negaram interferir no conflito, em razão de seus interesses econômicos.
Hoje, 20 anos depois do genocídio, Ruanda vai constantemente reconciliando seu povo. Não existem mais documentação nem direitos diferenciados para tutsis ou hutus. O que existe é o povo ruandês, um povo marcado por um passado bastante triste, marcados pela intolerância. E que hoje vai conduzindo suas riquezas naturais e culturais, bem longe do ódio e da discriminação.
                                                                       (Jeferson Sabino Candaten)
REFERÊNCIAS:

Filme: Hotel Ruanda. Direção: Terry George. 2004.